Abstract |
Em relação às mudanças de conteúdo das áreas urbanas brasileiras, o professor Milton Santos (1997) esclarece que essas áreas não podem ser tratadas como áreas homogêneas, onde a população residente deva ser enquadrada em um só modelo de plano urbano. Localizada no município de São José dos Campos, São Paulo, a área de estudo dessa pesquisa revela uma situação particular: moradores regulares do Altos de Santana, bairro urbano da Zona Norte da cidade, conservam características tradicionais do campesinato, desenvolvendo o plantio de hortas urbanas num recorte da Área de Proteção Permanente do Rio Paraíba do Sul. Para esta mesma área intervenções urbanas estão previstas, pautadas num projeto da administração municipal vigente que prevê a implantação de um parque urbano, denominado Parque da Orla do Rio Paraíba do Sul, o qual promoverá a retirada das hortas cuidadas pelos moradores agricultores. Ao ser instalado o parque, as propostas de melhoria da qualidade de vida da população residente em suas proximidades, no que tange aos assuntos ligados direta e indiretamente a agricultura urbana, serão alteradas, o que pode gerar conflitos entre as partes interessadas no uso da área. Assim, a presente pesquisa pretende apresentar a visão que os “moradores agricultores” urbanos possuem de suas práticas, a visão do poder público e os possíveis conflitos que a utilização do lugar pode gerar. Defendemos a ideia de que a população local tenha assegurados os seus direitos de desenvolver a agricultura urbana, atividade topofílica que ajuda a definir identidades socioculturais rurais coexistentes nesse recorte espacial urbano. |