Desde o começo do século XXI a economia brasileira vem experimentando um ciclo de crescimento com características peculiares frente à sua experiência histórica prévia, com uma combinação entre crescimento, estabilidade macroeconômica e melhoria no perfil distributivo. São múltiplas as origens da queda na desigualdade de renda. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar os impactos distributivos da mobilidade de trabalho no Brasil. Mais especificamente, busca-se analisar os determinantes desta mobilidade ocupacional e verificar se ela implica em uma ascensão socioeconômica e quais seus impactos sobre a desigualdade de renda no Brasil, utilizando os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Os resultados sugerem que: (i) a mobilidade tem sido usada no Brasil como fonte de aumento salarial, inclusive quando resulta em queda de status sócio-ocupacional; (ii) contudo, o prêmio salarial por conseguir mudar de ocupação ou de segmento ocupacional é diferente para mais ricos e mais pobres, sendo menor para estes últimos; (iii) com isso, a mobilidade, ao mesmo tempo em que contribui para aumentar a renda, atua no sentido de aumentar as diferenças salariais.