O aspecto do trabalho é duplo. Por um lado, trata as transformações na estrutura social do Brasil em curso no passado recente, tendo como base as políticas públicas que visam à redução dos níveis de desigualdade de renda e o combate à pobreza. Sob outro ângulo, procura entender as razões pelas quais o país ainda permanece entre as nações mais desiguais do mundo. Neste sentido, o foco principal é a análise do comportamento do consumo das famílias como reflexo dessas transformações no decorrer da primeira década do Século XXI. O enfoque apresenta natureza qualitativa, não buscando generalização com a recorrência aos dados e objetiva, desta forma, compreender o fenômeno sem ousar produzir extrapolações que permitam prever a realidade futura. Entretanto, a abordagem também possui conotação de pesquisa quantitativa com seleção, análise e tratamento estatístico de informes numéricos de modo a generalizar os resultados. Assim, caracteriza-se como uma contribuição quali-quantitativa com delineamento integrado entre dados qualitativos e quantitativos. Os resultados indicam que o consumo de bens e o acesso a serviços por parte da população brasileira de baixa renda apresentou aumento significativo nos últimos anos, sugerindo um quadro relativamente inesperado de transformação dos conteúdos associados à pobreza. Este cenário é complementado pela abordagem do papel do Estado e o impacto das políticas públicas adotadas as quais, além de implicarem mudanças na estrutura social da nação, passaram a servir de referenciais para conduta semelhante, e consequente adoção, por governos além-fronteiras, especialmente daqueles inseridos na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.