Embora, no Brasil, os casamentos não estejam pautados na endogamia racial, encontra-se uma alta proporção de casamentos endogâmicos e baixas taxas de intercâmbio marital entre os grupos de classificação de raça/cor distinta. A religião também tem um papel importante nas uniões inter-raciais, com evidências de que as uniões inter-raciais são mais comuns entre grupos de mesma fé e também que as fronteiras raciais são mais fortes entre grupos étnicos que possuem religiões diferentes. Assim, ter a mesma religião parece atuar de forma a compensar as diferenças raciais. Este trabalho tem dois objetivos. O primeiro é verificar as diferenças entre as uniões inter-raciais de acordo com o tipo de união (casadas e unidas). O segundo objetivo é verificar como essas uniões se dão quando os casais têm a mesma religião e quando têm religiões diferentes. Os dados utilizados são provenientes da amostra do Censo Demográfico 2000. Os resultados sugerem que as uniões inter-raciais são mais frequentes entre as mulheres unidas quando comparadas às casadas. Além disso, quando marido ou companheiro e mulher têm a mesma religião, praticamente não há mudanças na distribuição percentual das uniões em comparação com a distribuição geral. No entanto, quando se analisam as uniões entre parceiros com religiões diferentes houve diminuição em todas as uniões intrarraciais e um aumento em todas as uniões inter-raciais.