Survey ID Number
CPV_2005_DHS_v01_M
Title
Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva 2005
Abstract
O Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva (IDSR-II) é o segundo inquérito do género realizado em Cabo Verde. Trata-se de uma pesquisa por sondagem, executada pelo INE e pelo Ministério da Saúde. Tem como objectivo fornecer informações sobre a fecundidade, a mortalidade das crianças menores de cinco anos, o planeamento familiar, a saúde materna e infantil, as IST, o VIH/SIDA, e a violência doméstica. A inovação em relação ao primeiro IDSR, realizado em 1998, provém do facto de permitir, através da introdução do teste do VIH e da análise da hemoglobina, medir a prevalência do VIH e da anemia.
Durante o inquérito, realizado de Julho a Novembro de 2005, foram entrevistados com sucesso 5712 agregados familiares, 5505 mulheres dos 15-49 anos e 2644 homens dos 15-59 anos, seleccionados na metade dos agregados. Foi nestes agregados que se realizou o teste do VIH e a análise de hemoglobina. A violência doméstica contemplou um terço dos agregados, nos quais foram entrevistadas 1333 mulheres.
As informações recolhidas são significativas a nível nacional, por meio de residência urbano e rural e a nível dos 11 domínios de estudo: a cidade da Praia, Santiago Norte, o Resto de Santiago e as 8 restantes ilhas constituem cada, um domínio de estudo.
O IDSR-II é um inquérito típico que se realiza em vários países do mundo, sendo o Segundo que se efectua em Cabo Verde. Para além dos módulos clássicos dos inquéritos demográficos e sanitários, juntou-se o teste do VIH e de hemoglobina. Os principais objectivos deste inquérito são:
- Actualizar os dados sobre as características sócio-demográficas da população;
- Medir o nível e a tendência da fecundidade e da mortalidade das crianças, assim como os seus determinantes;
- Determinar o nível de conhecimento e de utilização dos métodos contraceptivos;
- Recolher dados sobre a saúde materna e infantil nomeadamente sobre as consultas prénatale pós-natal, assistência ao parto, o aleitamento materno, a vacinação, a frequência de doenças diarreicas, da febre e de IRAs nas crianças;
- Medir a prevalência da violência doméstica;
- Conhecer melhor a sexualidade dos jovens;
- Medir o nível de conhecimento, as opiniões e o comportamento das mulheres e dos homens em relação à transmissão e à prevenção do VIH/SIDA e outras IST;
- Medir a prevalência do VIH/SIDA;
- Medir a prevalência da anemia.
RESULTADOS
Para além de ter permitido determinar os níveis de evolução de variáveis anteriormente estudadas aquando da realização do Primeiro Inquérito Demográfico e de Saúde Reprodutiva, IDSR-I, em 1998, esta importante operação estatística, representou uma ocasião ímpar para a realização do segundo inquérito nacional de seroprevalência do VIH na população sexualmente activa, bem com estudar a prevalência da anemia.
Os resultados do Segundo Inquérito demográfico e de Saúde Reprodutiva, o IDSR-II, revelam ganhos extraordinários na saúde em Cabo Verde, mas também desafios que a todos interpelam, designadamente, o Governo, as famílias e a sociedade civil.
Os dados indicam que o acesso aos cuidados pré-natal pelas mulheres grávidas durante a gestação do último filho nascido nos cinco anos anteriores ao inquérito é de 98%, sem diferenças entre o meio urbano e o rural. Cerca de 54% das mulheres tiveram a primeira consulta pré-natal antes de decorridos 4 meses de gravidez. A assistência ao parto por um pessoal de saúde é expressiva: cerca de 78%, das quais 32% foram atendidas por médicos e 46% por enfermeiras.
Os níveis de conhecimento sobre o VIH/SIDA são muito elevados: cerca de 100% das pessoas conhece ou ouviu falar do VIH. A prevalência do VIH em Cabo Verde é de 0,8% sendo 1,1% para os homens e 0,4% para as mulheres.
A prevalência da anemia nas s crianças de idade compreendida entre os 6 e os 59 meses é de 52%. Nas mulheres a anemia constitui também um problema de saúde publica, visto que 29% das mulheres sofrem de carência em ferro, sendo 43% nas grávidas e 36% nas mulheres aleitando.
Data Collection Notes
ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA
O IDSR-II é um Projecto do Governo de Cabo Verde, executado pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Ministério de Saúde, no âmbito das suas competências. Para sua realização foi instituído o Decreto-Lei nº 29/2004 que criou como entidades intervenientes:
i) O Comité de Ética - uma entidade independente multisectorial que tem a atribuição de assegurar a salvaguarda da dignidade dos direitos, da segurança e do bem-estar de todos os potenciais participantes dos testes de VIH e de hemoglobina no quadro do IDSR-II. Este Comité Ad Hoc foi composto por um representante da Comissão Nacional para os Direitos Humanos, da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Advogados, de uma Instituição Religiosa, da Plataforma das ONGs, e de uma Instituição do Ensino Superior (ISE).
ii) O Gabinete do IDSR-II - estrutura executiva do Inquérito no seio do INE, integrando o Director de Estatísticas Demográficas e Sociais do INE, na qualidade de Director Técnico do Gabinete, a Directora do Serviço de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, na qualidade de Directora Técnica Adjunto do Gabinete. O gabinete compreende uma unidade de metodologia, operações e análise, uma unidade de tratamento dos dados, uma unidade de sensibilização e uma unidade administrativa e financeira.
ASSISTENCIA TECNICA
A assistência técnica, que cobriu as áreas de concepção, amostragem, recolha de dados, tratamento e análise, foi assegurada pela Macro International. O laboratório do VIH do Hospital Aristides Le Dantec de Dakar assegurou o Controlo Externo da vertente laboratorial. Os testes para detecção de infecção pelo VIH foram realizados pelo laboratório do VIH do Hospital Dr. Agostinho Neto da Praia.
ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHOS NO TERRENO
Os trabalhos no terreno foram organizados da seguinte forma:
1. Responsável das Operações no Terreno - coordenava todas as actividades no terreno.
2. Supervisor - controlava e avaliava o avanço dos trabalhos bem como a disciplina da equipe. Resolvia também todos os problemas detectados nos locais do inquérito.
3. Controlador - tinha como função chefiar a equipe, rever os questionários, corrigir e instruir os inquiridores sobre as falhas cometidas no terreno.
4. Inquiridores - tinham como função realizar as entrevistas com os homens.
5. Inquiridoras - tinham como função realizar entrevistas com as mulheres.
6. Enfermeiro - tinha como função fazer a recolha de sangue para os testes de anemia e VIH/SIDA.
Cada equipa de terreno foi constituída por um inquiridor, três inquiridoras, um enfermeiro e chefiada por uma controladora. Em todos os domínios de estudo trabalhou uma equipa, com excepção de Praia Urbano onde trabalharam duas equipas. Trabalharam em todo o país 13 equipas em 10 domínios de estudo, a que corresponde um total de 7 supervisores, sendo dois na Praia Urbano, 13 controladores, 13 enfermeiros e 57 agentes inquiridores.
FORMAÇÃO DO PESSOAL DE TERRENO
A formação dos inquiridores, controladores e enfermeiros foi realizada na Praia durante 15 dias. A mesma foi orientada por 5 formadores, técnicos do INE, potenciais supervisores de terreno. Nos temas mais específicos tais como Saúde, Nutrição e Vacinação das Crianças, Saúde Reprodutiva e Métodos Contraceptivos, Doenças Sexualmente Transmissíveis e SIDA, e Violência Doméstica contou-se com a presença de oradoras, técnicas das áreas, que expuseram os respectivos temas, esclarecendo os aspectos mais relevantes que constavam do questionário. Intervieram também especialistas de comunicagão responsáveis pela sensibilização.
A formação compreendeu palestras, sessões teóricas sobre a condução da entrevista, entrevistas simuladas na sala e sessões práticas de terreno. Participaram na formação inquiridores e controladores em número superior ao necessário, para facilitar a selecção final e assegurar a qualidade técnica do pessoal de terreno.
RECOLHA DE DADOS
A actividade de recolha de dados teve início no dia 18 de Julho no domínio de estudo da Praia Urbano e no dia 25 de Julho nos restantes domínios de estudos. Todas as equipas receberam um plano de deslocação, mapas dos DRs e a listagem dos agregados familiares da amostra. Para o trabalho do campo contou-se com a estreita supervisão e controlo de qualidade por parte do Gabinete e dos supervisores.
Estimates of Sampling Error
Os erros de sondagem para o IDSR-II foram calculados para algumas variáveis fundamentais.
Os resultados do inquérito são apresentados no anexo do Relatorio Final para Cabo Verde, para o meio urbano e o meio rural. Para cada variável, o tipo de estatística (média, proporção ou taxa) e a população de base são apresentados no Quadro B.1. Os Quadros B.2 a B.4 apresentam o valor da estatística (M), o errotipo (ET), o número de casos não ponderados (N) e os ponderados (N'), a raiz quadrada do efeito do plano de sondagem (REPS), o erro relativo (ET/M), e o intervalo de confiança a 95% (M±2ET) para cada variável. O efeito do plano de sondagem (REPS) é não-definido quando o desvio padrão, sob a amostra aleatória simples é zero (quando a estimação é próxima de 0 ou 1). No caso do índice sintético de fecundidade, o número de casos não-ponderados não é pertinente, porque o valor nãoponderado de mulheres-anos de exposição ao risco de gravidez não é conhecido.
O intervalo de confiança é interpretado da seguinte forma: para a variável Crianças nascidas vivas, o IDSR-II indicou um número médio de crianças nascidas vivas de 2,135 para o conjunto das mulheres, ao qual corresponde um erro-tipo de 0,035 crianças. Em 95% das amostras de tamanho e características idênticos, o valor real do número médio de crianças nascidas vivas das mulheres com idade entre 15 e 49 anos encontra-se entre 2,135 - 2×0,035 e 2,135 + 2×0,035, ou seja 2,064 e 2,206.
Os erros de sondagem foram analisados para a amostra nacional de mulheres e para dois grupos de estimações: (1) médias e proporções, e (2) taxa demográfica. Os erros relativos (ET/M) das médias e proporções situam-se entre 0,8% e 31,7% com uma média de 6,0%. Em geral, os erros relativos da maioria das estimações para o conjunto do país são baixos, à excepção de uma pequena proporção de casos. O erro relativo do índice de fecundidade é bastante baixo 3,5%. No entanto, para as taxas de mortalidade, o erro relativo médio é mais alto 85,8% por causa da fraca taxa de mortalidade e do tamanho relativamente pequeno da amostra.
Para a amostra nacional das mulheres, a média da raiz quadrada do efeito do plano de sondagem (REPS) calculada para todas as estimações é de 1,29 o que significa que, comparando com uma amostra aleatória simples, o erro de sondagem é multiplicado em média por um factor de 1,29 porque utiliza-se um plano de sondagem complexo (por UPA e a vários graus) e menos eficaz.